INTRODUÇÃO

A Liturgia ou Ordem de Culto, não somente faz parte do culto, mas é a própria disposição de todas as partes que formam aquilo que chamamos de Culto Público.

Esta é usada a fim de que tudo seja feito “com ordem e decência”, conforme a recomendação do apóstolo Paulo em 1Co 14.40).

Por que estudar a Liturgia?

– Por que, em uma igreja litúrgica como a nossa, usam-se muitos termos técnicos, que nem sempre são devidamente entendidos? Por que ainda fazemos uso de uma liturgia
que tem séculos de existência?

Qual o sentido de cada uma das partes?

Todas estas questões procuraremos responder ao longo deste
estudo sobre a Liturgia Luterana.

O QUE É CULTO

“Dedicar e consagrar a vida ao Senhor nesta casa para que o Bom Mestre nos fale neste lugar, por meio de sua Santa Palavra, e que nós por nossa vez, lhe falemos através da oração e do louvor.” (Martinho Lutero)

A liturgia é, portanto, um entrelaçado entre Palavra de Deus e reposta da Congregação, proclamação e adoração.

A parte sacrificial é voltada para o altar.

A parte sacramental é voltada para a congregação.

Cristo nos fala, nós respondemos. Cristo nos serve, nós servimos a Ele.

LITURGIA PARTE POR PARTE

01. Hino de entrada: Canta-se um hino de adoração a Deus, para a entrada do oficiante. Pode-se tocar um interlúdio.

02. Invocação (virado para o altar): Rogamos pela presença do nosso Deus Triúno, em cujo nome nos reunimos para o culto. Não se trata de um mero convite pela sua presença, mas, neste ato, demonstramos que sabemos quem é nosso Deus, que não se trata de uma divindade desconhecida, misteriosa, da qual temos apenas uma vaga noção. O nosso Deus se revelou a nós pelo seu nome triplo “Pai, Filho e Espírito Santo”.

03. Alocução confessional (de frente para a Congregação): é um breve discurso exortativo que expõe a necessidade de se confessar os pecados em arrependimento, para o perdão em Cristo.

04. Confissão de pecados (virado para o altar): esta oração pode ser feita pelo oficiante ou em conjunto com a congregação. Confessar significa reconhecer e contar seus pecados, confiando no perdão em Cristo.

05. Absolvição (de frente para a Congregação): O pastor chamado e ordenado, anuncia o perdão aos confessores, conforme a ordem e promessa de Deus.

06. Intróito: Leitura do Salmo do dia, geralmente pré-estabelecido.

07. Gloria Patri (virado para o altar): canto seguido ao Salmo, em glória ao Deus Triúno que revela seu amor.

08. Kyrie Eleisson (virado para o altar): não é uma confissão de pecados. Demonstramos nossa fraqueza e dependência de Deus. Tem caráter de aclamação e pedido de auxílio diante da miséria e pecaminosidade humana.

09. Glória in Excelsis (virado para o altar): Também chamado de “Grande Glória”, é um canto de exaltação a Deus, cuja letra contém a doutrina trinitária.

10. Coleta (virado para o altar): Oração que “coleta” o anseio do dia e tem a ver muito com o tema do culto e/ou com o tempo eclesiástico.

11. Leituras: AT e Epístola (de frente para a Congregação) Aleluia! Aleluia! Aleluia! (aleluia tríplice)

12. Evangelho (de frente para a Congregação)
O – Anúncio do evangelho …
C – Glórias a ti, Senhor! (melodia com efeito do subir escada)
O – Leitura do evangelho.
C – Glórias a ti, ó Cristo! (melodia com efeito do descer escada)

13. Hino: canto congregacional que expõe o tema do culto.

14. Mensagem: Deve ser cristocêntrica.

15. Ofertório (virado para o altar): Cria em mim, ó Deus, um puro coração… Com o Ofertório (baseado no Sl 51.10-12) nós iniciamos a segunda parte do culto, a qual é resposta às leituras e à pregação da Palavra. O ofertório não é oferecer dinheiro, mas oferecer nossos corações a Deus em dedicação. É o oferecer de nossos dons para o sustento do trabalho e culto da Igreja Cristã.

16. Confissão de Fé: Credo Niceno ou Credo Apostólico – a Congregração confessa sua fé publicamente.

17. Recolhimento das ofertas: dedicação de parte do que Deus concedeu ao povo.

18. Oração Geral (virado para o altar): reúne-se as petições e gratidões da Congregação local. Inclui-se as petições pela Igreja Cristã, sociedade, enfermos, etc.

19. Prefácio à Santa Ceia (de frente para a Congregação): parte preparatória à Santa Ceia.

20. Vere Dignum (virado para o altar): cântico de exaltação e adoração a Jesus, o verdadeiramente digno.

21. Sanctus (virado para o altar): canto em alusão à Santíssima Trindade (a palavra “santo” é cantada três vezes). Hosana significa “saudação”, “louvor”, “aclamação” ao SENHOR que vem para a comunhão com o povo cristão.

22. Pai Nosso (virado para o altar): Oração que Jesus ensinou e que envolve todas as nossas necessidades.

23. Consagração (de frente para a Congregação): Os elementos externos (pão e vinho) são retirados do uso comum e são consagrados para que de forma milagrosa conforme a ordem de Jesus, Ele ofereça de forma real seu corpo e sangue.

24. Pax Domini (de frente para a Congregação): Jesus deixou sua paz aos seus discípulos e assim se repete no culto: “A paz do Senhor seja convosco para sempre!” C – Amém.

25. Agnus Dei (virado para o altar): O texto contém a confissão tríplice da atuação vicária de Cristo, em cumprimento à profecia – Is 53.7,12; 1 Pe 1. 9,20. É uma oração pela misericórdia e paz. Estes são os dons que Cristo nos dá na Ceia.

26. Nunc Dimitis (virado para o altar): É o cântico de Simeão (Lc 2.29-32) e significa “Agora despedes”.

27. Ação de graças (virado para o altar): Oração de gratidão pela Santa Ceia e demais bênçãos recebidas no culto. Inclui-se o pedido para que o povo de Deus seja mantido na comunhão da fé e sirva como testemunha de Cristo.

28. Bênção (de frente para a Congregação): Proferida em nome de Deus, dando a certeza de sua graça e paz aos que o invocam em espírito e verdade. A ordem de Deus para Moisés (Nm 6.22-27) e a ação de Jesus ao despedir-se de seus discípulos no Monte das Oliveiras (Lc 24.50) sustentam esta convicção.

29. Hino: O culto começa e termina com adoração ao Deus Triúno que serviu o povo e promete estar presente no culto continuado.

LITURGIA PARTE POR PARTE ORÍGEM BÍBLICA

BÊNÇÃO: Nm 6.22-27

NUNC DIMITTIS: ( “Agora despedes”) Lc 2.29-32

COMUNHÃO/DISTRIBUIÇÃO: 1Co 10.16,17 1Co 11.23-27

AGNUS DEI: (“Cordeiro de Deus”) Is 53.7,12; Jo 1.29; 1Pe 1.19

PAX DOMINI: ( “A paz do Senhor”) Jo 14.27

PALAVRAS DA INSTITUIÇÃO: Mt 26; Mc 14 Lc 22; 1Co 11

PAI NOSSO: Mt 6.9-13

SANCTUS: (“Santo”) Is 6.2-3 Sl 118.25; Mt 21.9

PREFÁCIO: (“Elevai os corações”) Lm 3.41; Sl 86.4 (“Rendamos graças”) Mt 26.27

ORAÇÃO GERAL: 1 Tm 2.1-4

OFERTAS: 1 Cr 29.14; Rm 12.1

OFERTÓRIO: Sl 51.10-12

SERMÃO: Mc 16.15; Lc 10.16; Jo 8.31 Rm 1.16; Rm 10.17

HINO DO DIA: Cl 3.16

CONFISSÃO DE FÉ: Rm 10.9,10; Fp 2.11

BATISMO: Mt 28.19

EVANGELHO: Jo 5.24

EPÍSTOLA: Cl 4.16

ANTIGO TESTAMENTO: At 10.43

ORAÇÃO DO DIA: Mt 6.7

SAUDAÇÃO: Rt 2.4; 2Ts 3.16

GLORIA IN EXCELSIS: (Glória nas Alturas) Lc 2.14

KYRIE, ELEISON: (Ó Senhor, misericórdia) Mt 15.22

GLORIA PATRI: (“Glória ao Pai”) Rm 16.27; Ef 3.21; Fp 4.20

INTRÓITO: (“Entrada”) Sl 43.3,4

É importante percebermos que só ao termos a liturgia, muitas passagens bíblicas são lidas/ouvidas.